Este artigo foi publicado originalmente no blog WinWin Traduções em setembro de 2021
Nesse post falaremos sobre anotações que são muito comuns durante a pós-graduação, quando lemos diversos materiais como artigos ou livros, as chamadas referências bibliográficas. Quem nunca passou horas procurando a fonte de alguma informação, ou escreveu um projeto ou relatório e depois de um tempo precisou daquela informação novamente e teve dificuldade em encontrar suas anotações? Ou, pior, seu orientador pede para você adicionar uma referência em um parágrafo e você não faz ideia de onde tirou aquela informação. As anotações na pós-graduação têm uma importância enorme, tanto para nos ajudar a aprender sobre nossa área de pesquisa como para construir nosso próprio conhecimento, que depois será publicado em forma de dissertações, teses ou artigos.
Reunimos aqui 9 dicas para ajudar a fazer anotações mais úteis e que têm potencial para acompanhar você por mais tempo durante a sua vida acadêmica.
Quando estiver lendo ou processando algum material, tente minimizar distrações. Coloque o celular em modo avião, feche abas desnecessárias e evite ao máximo trocar de tarefas. Concentre-se na leitura para maximizar a qualidade das anotações.
Destacar o texto, seja em papel ou num arquivo digital, pode ser uma etapa da anotação, mas ela nunca pode terminar aí. Um texto destacado não é uma anotação e mais tarde, quando você precisar dessa informação, terá que confiar na memória para encontrá-la, o que quase sempre acaba nos deixando na mão.
Organizar por tópicos pode ajudar a processar as anotações no momento de escrever, por exemplo. Anotações organizadas por datas ou autores costumam ser bem mais complexas. Claro que, se o tema do seu trabalho for contrastar a opinião de diferentes autores, será uma exceção a essa regra.
Sempre, sempre, sempre anote o que passa pela sua cabeça durante a leitura do material fonte (livro, artigo, etc.). Use suas próprias palavras, tente ir além das ideias do autor, faça conexões com outras fontes. Só assim você conseguirá ser original e chegar às suas próprias ideias.
O seu sistema de anotações, seja físico ou virtual, tem que ser robusto, ou seja, tem que funcionar sob condições variadas. Você tem que ter fácil acesso às suas anotações se precisar buscar temas dentro de um corpo de notas. Além disso, seria ideal criar cópias de segurança. Nesse ponto as anotações eletrônicas levam vantagem.
É fundamental saber exatamente a fonte de uma informação quando for usá-la. Programas de gerenciamento de referências, como o Zotero, são imprescindíveis para a sobrevivência na pós-graduação. Aqui você encontra um comparativo entre diversos programas. Gaste alguns minutinhos e aprenda a usar um. Certamente valerá a pena.
Sugeri que anote suas próprias ideias enquanto lê, mas crie um sistema para que suas ideias nunca se misturem com as de outros autores. Você pode mantê-las em arquivos separados, ou em partes separadas dentro do mesmo arquivo. Todo cuidado é pouco nesse ponto.
Em geral as anotações devem ser curtas, caso contrário acabam perdendo a utilidade. Entretanto, dependendo da finalidade da informação, pode acabar requerendo alguns detalhes. Por exemplo, informações mais técnicas, condições em que o estudo foi realizado, tudo isso pode acabar sendo necessário.
Lembre-se que terá que escrever sua tese, dissertação ou artigo. Portanto, se encontrar um material bem escrito, tome nota! Olhe de perto a estrutura usada pelo autor, como ele organiza as ideias. Mantenha uma nota separada só para isso. Certamente ela será muito útil.
Lembre-se: o pensamento crítico, habilidade fundamental a desenvolver na pós-graduação, começa com uma leitura crítica. Esse processo deve ser ativo. Fazer anotações de maneira sistemática e consciente leva a um crescente de anotações durante a sua carreira. Portanto, desenvolver um sistema que funcione é vital para a pós-graduação e para a sua vida profissional.
Em um próximo post discutiremos algumas ferramentas que podemos usar para fazer e armazenar anotações. Até lá.
Autor: Marcelo Bispo de Jesus – pesquisador e professor da UNICAMP. Tem graduação em Biologia e mestrado e doutorado em Biologia Molecular e Funcional pela UNICAMP, além de um PhD pela Universidade de Groningen, na Holanda. Em 2016, fez o Academic Writing Teacher Training Course pela University of Bath, na Inglaterra, e atualmente ministra o curso Escrita de Artigos Científicos pela Extecamp UNICAMP.
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